O que é o come-cotas e como ele atua nos investimentos?

Os fundos de investimento são formados por uma carteira de ativos financeiros que reúnem o dinheiro de vários investidores, chamados de cotistas. Esses fundos são oferecidos pelas administradoras que disponibilizam cotas para captar recursos. Trata-se de uma modalidade de investimento muito visada por quem quer diversificar sua carteira sem a necessidade de fazer aportes individuais em várias aplicações distintas.

De fato, alocar parte do capital disponível em fundos de investimento traz muitos benefícios, como a liquidez, a transparência e a garantia da avalização profissional. Porém, há um inconveniente, que sempre gera dúvidas e hesitação: o imposto come-cotas. 

O come-cotas incide sobre vários fundos de investimento, como os fundos multimercados e os fundos de renda fixa, e é preciso compreender como ele funciona para evitar surpresas desagradáveis. Por isso, vamos explicar tudo o que você precisa saber sobre o come-cotas. Continue lendo!

O que é o come-cotas?

O imposto come-cotas é um tributo que incide sobre aplicações via fundos de investimentos. Ele deduz cotas dos investidores em alíquotas que vão de 15% a 20%, dependendo do prazo do fundo em questão. 

O come-cotas se aplica a alguns tipos de fundos e é cobrado de seis em seis meses, sempre no último dia  do mês de maio e no último dia do mês de novembro.

Como funciona a aplicação desse imposto?

O come-cotas funciona como uma antecipação ao recolhimento do Imposto de Renda sobre os rendimentos do período, que é feita diretamente na fonte e não se aplica ao total investido no fundo. A incidência se dá de forma regressiva, com valores que variam conforme o tempo de aplicação.

A cada seis meses, o número de cotas do investidor é reduzido de maneira equivalente ao percentual mínimo de imposto, operação que aparece no extrato como um resgate de cotas. Portanto, é fundamental ficar de olho no extrato da aplicação a cada seis meses. 

Para tomar as decisões mais inteligentes e precisas em relação ao seu dinheiro, é de fundamental importância que o investidor realmente entenda o funcionamento do come-cotas. Sabendo o que é e como é feito o cálculo, é possível entender como será realizada a tributação e prever os custos envolvidos em cada investimento.

Como é calculada a tributação do come-cotas?

Os fundos de investimento têm tributação regressiva, o que significa que quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado no fundo, menor será o imposto cobrado.

Vale lembrar que o cálculo sobre o valor a ser deduzido pelo come-cotas ocorre somente sobre a rentabilidade, e não sobre o montante total. 

As alíquotas cobradas sobre os rendimentos são as seguintes:

Fundos de curto prazo

22,5% para aplicações de até 180 dias, e 20% para aplicações com mais de 180 dias.

Fundos de longo prazo

22,5% para aplicações de até 180 dias

20% para aplicações entre 180 dias e 360 dias

17,5% para aplicações entre 360 dias e 720 dias

E, finalmente, 15% para aplicações de mais de 720 dias.

Entretanto, a cobrança do come-cotas considera sempre a menor alíquota de cada tipo de fundo. Em fundos de curto prazo, ela é de 20% sobre o rendimento obtido, e em fundos de longo prazo ela é de 15%.

Portanto, na hora de resgatar o valor aplicado no fundo, calcula-se a diferença entre o valor arrecadado pelo come-cotas e a alíquota do Imposto de Renda que seria aplicada. Caso o saque seja feito antes do período previsto, cobra-se uma quantia complementar.

Os fundos que estão sujeitos ao come-cotas

Muitos fundos de investimento estão sujeitos ao imposto come-cotas, como os fundos de renda fixa, os fundos DI, os fundos multimercados e os fundos cambiais.

Já outros tipos de fundos, como os fundos de ações e fundos de previdência, não sofrem a incidência desse tributo porque o Imposto de Renda é cobrado apenas no momento do resgate do valor. 

Vale a pena investir em fundos sujeitos ao come-cotas?

Não existe uma resposta certa para essa pergunta, já que isso depende do objetivo e do perfil do investidor. Não necessariamente um investimento sem come-cotas será melhor que um investimento com come-cotas, pois existe uma série de fatores envolvidos, e nem sempre isso será verdade. 

Para descobrir se um investimento é vantajoso mesmo com a incidência do imposto a cada semestre, é preciso analisar a sua rentabilidade, comparando-a com a de outro investimento sem come-cotas. É importante frisar que é possível minimizar os efeitos do come-cotas investindo em fundos que tenham rentabilidade maior do que os ativos de renda fixa comparáveis a eles. Também é importante levar em conta outras tributações e taxas que possam vir a ser cobradas em outros investimentos, e colocar todos esses custos na ponta do lápis.

Somente ao considerar todos os custos envolvidos, a rentabilidade esperada e os objetivos do investidor é que se pode chegar a uma resposta. Por isso, a dica é analisar a rentabilidade do investimento, a incidência de impostos sobre ele e o prazo para resgate para elencar os prós e os contras.

Esperamos que este post tenha servido para tirar as principais dúvidas sobre o imposto que tira o sono de muitos investidores. Em breve, traremos mais dicas de investimentos para você.