Copa do Mundo 2018 – Entenda porque ela mexe com o cenário econômico do Brasil

A Copa do Mundo de futebol é considerada o evento esportivo mais assistido e prestigiado em todo o mundo, ultrapassando até mesmo as Olimpíadas.

No que se refere à economia, o evento costuma ter efeitos positivos sobre o crescimento de determinados setores. A Copa do Mundo 2018 começa no próximo dia 14, e seus efeitos na indústria brasileira já podem ser sentidos há algum tempo. Segundo dados do IBGE, desde fevereiro as estatísticas sobre os números da produção industrial no Brasil já apresentavam um crescimento, reflexo do maior evento esportivo do mundo.

Um dos grandes destaques positivo foi na categoria dos bens de consumo duráveis, que tiveram um aumento de 15,6% em relação ao ano anterior. Dentro desse segmento, surpreendeu o crescimento de 41,1% no setor de eletrodomésticos da linha marrom, que inclui aparelhos televisores e aparelhos de som, em comparação ao mesmo período em 2017.

Esse crescimento significativo pode ser explicado porque, tradicionalmente, há um aumento muito expressivo na produção de TVs e rádios nos meses que antecedem a Copa do Mundo, afinal, ninguém quer perder a chance de assistir ou ouvir os jogos com conforto, e muitas pessoas esperam essa época do ano para fazer um upgrade em seus aparelhos.

Por isso, as vendas de televisões costumam aumentar muito durante o período, e é comum que os grandes varejistas apostem em promoções para alavancar ainda mais as vendas. Isso, é claro, se refere na economia do país.

Já segundo dados divulgados pela  pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores, o mercado brasileiro de veículos novos também fechou o primeiro trimestre de 2018 com o maior número de vendas para o período desde 2015, com 545,5 mil unidades emplacadas. Isso representa um crescimento de 15,6% em relação ao mesmo período de 2017.

Entretanto, nem tudo são flores para a economia brasileira. A recuperação dos eletroeletrônicos da linha marrom e os indicadores positivos do mercado automotivo não serviram para mascarar outros números negativos, como a influência negativa de recuos na indústria extrativa, que apresentou queda de 5,2% dessazonalizada, e pela produção de produtos farmacêuticos, que teve queda de 8,1%.

De acordo com um relatório divulgado pelo banco Bradesco, a volatilidade dos preços de ativos deve levar a um crescimento econômico mais modesto até o fim de 2018, e a projeção para a inflação em 2018 deve ser alterada, passando a esperar que o resultado do IPCA seja de 3,9%, contra a estimativa anterior de 3,5%. As novas previsões também consideram que o dólar bata os R$ 3,60 no fim do ano e que tenhamos uma taxa Selic estável em 6,5% ao ano, até o fim de 2018.

Ainda assim, o relatório pondera que os fundamentos são considerados mais positivos do que negativos, afinal, em outros episódios de choque cambial, o Brasil tinha um enorme déficit externo, uma inflação acima da meta e preços represados, o que caraterizava uma política econômica de baixa consistência.

A expectativa para o restante do ano é de que o setor industrial brasileiro se beneficie da esperada recuperação econômica, das taxas de juros reais em queda, de condições financeiras mais fáceis e estáveis e da consolidação da demanda liderada pelo investimento na Argentina, que é considerada um mercado crucial para as exportações de manufatura do Brasil.