A caderneta de poupança ficou obsoleta?

A famosa caderneta de poupança ainda é o investimento mais popular no Brasil, e atrai até hoje inúmeros interessados. Existem várias explicações para isso. Há, no imaginário brasileiro, a ideia de que a poupança é o investimento mais seguro, que rende mais por ser isenta de impostos e de taxas administrativas, e até mesmo o mito comum de que, quando a taxa de juros cai, a poupança se torna a melhor opção. 

Não é novidade que a poupança tem rentabilidade muito menor do que outros investimentos, contudo, o hábito de investir nessa aplicação se mantém. Isso acaba fazendo as pessoas perderem dinheiro, já que, atualmente, existem várias alternativas mais rentáveis e igualmente seguras. 

Como é constituída a remuneração da poupança? 

A remuneração da caderneta de poupança, atualmente, é formada pela taxa referencial (TR) mais 70% da Selic (a taxa básica de juros).

Essa regra vale sempre que a Selic for igual ou inferior aos 8,50% ao ano. Quando ela for superior a esse percentual, a remuneração será atualizada pela taxa referencial, acrescida de uma taxa fixa de 0,5% ao mês. 

Quando valeria a pena investir na poupança?

Quanto maior forem os juros básicos da economia, pior é o desempenho da poupança em comparação com outras aplicações, e vice-versa. Além disso, também é importante ressaltar que, quanto mais longo for o prazo da aplicação, pior será o desempenho da poupança. 

Dessa maneira, ela só poderia ser considerada um bom investimento quando os juros básicos da economia caíssem para níveis próximos de 8% ao ano, e quando a aplicação fosse de curto prazo. Porém, caso os juros caíssem tanto assim, provavelmente o governo alteraria a regra de remuneração para desencorajar o investimento nessa modalidade, já que uma poupança muito atrativa teria um impacto negativo sobre todo o Sistema Financeiro Nacional. 

Hoje em dia, parece inviável que a poupança se torne um investimento que realmente compense, pois, com o amadurecimento da economia brasileira, com o aumento de conhecimento sobre o mercado financeiro e com o surgimento de opções mais vantajosas, há poucas razões para continuar investindo na velha caderneta de poupança.

Alternativas à poupança

Um dos motivos pelos quais as pessoas ainda têm tanto apego pela poupança, além da isenção de imposto de renda e da garantia, é a possibilidade de resgate do valor investido a qualquer momento. No entanto, essa não é uma justificativa sólida para optar pela poupança, pois, mesmo que o investidor precise retirar o dinheiro em um prazo mais curto, há no mercado diversas opções melhores do que a caderneta de poupança, que oferecem segurança e ainda trazem retornos mais expressivos.

Por exemplo, enquanto a poupança paga hoje 70% da Selic mais a taxa referencial, o que representa 0,37% ao mês ou 4,55% ao ano, o Tesouro Selic tem um retorno de 0,41% ao mês, ou 5% ao ano. Esses valores já consideram a dedução do imposto de renda. O Tesouro Selic rende o mesmo que a taxa básica de juros e, tal qual a poupança, permite o resgate do valor a qualquer momento.

Caso a ideia seja investir no longo prazo, a sugestão é apostar no Tesouro Direto IPCA+2024. A ideia é que o investidor saque o dinheiro somente depois do vencimento do título, pois, em caso de resgate precoce, existe a possibilidade de perda monetária. 

Se a opção pela poupança se dá como forma de proteger o capital, a troca pelo Tesouro Direto é mais do que bem-vinda, já que ele é considerado a aplicação mais segura do país no que diz respeito ao risco de crédito. Por ser um título de dívida do governo brasileiro, é praticamente impossível tomar um calote nessa modalidade. Já na poupança, o risco de crédito é do próprio banco, que, por melhor pagador que seja, sempre vai oferecer mais riscos do que o Estado. 

Outra alternativa mais interessante do que a poupança é o CDB (Certificado de Depósito Bancário) com liquidez diária, contanto que ele pague ao menos 100% do CDI. A dica, nesse caso, é investir por meio de uma corretora especializada, pois esse tipo de instituição distribui CDBs de bancos menores que têm rendimento bem superior aos CDBs dos bancos maiores.

Caso a aplicação seja de até 250 mil, o CDB tem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que restitui o valor até esse limite em caso de quebra do emissor. Isso o torna um investimento extremamente seguro. 

Respondendo à pergunta do título: sim, a poupança pode até ter tido seus dias de glória no passado, porém, hoje em dia existem inúmeras aplicações tão seguras quanto, e com rendimentos muito superiores. Portanto, avalie bem todas as opções disponíveis, compare o desempenho e faça escolhas mais inteligentes para seu dinheiro render mais.